E, a vida é assim ... O frio entrava pelas dobras do cobertor quadriculado de um amarelo claro aquecendo-me o peito num dos dias mais intrigantes de uma nova crise asmática. Ajoelhado aos meus pés balançando a cadeira num misto de tristeza contida e alegria disfarçada no sorriso, ele me beijava as mãos, bochechas, beliscava de um lado, beijava do outro numa despedida difícil. Foi a última vez que seus olhos cruzavam os meus. Últimos beijos, último sorriso. Eu, Sete anos. Ele toda uma vida pela frente, não fosse o fim do caminho. Desta lembrança me sobrou a infinita saudade. Não fiz análise, não procurei nas esquinas, nem em nenhum olhar. Não permiti que a vida borrasse este momento. Não deixei que vida me roubasse aquela ternura. Pela vida afora não decidi um dia para homenageá-lo, nem para querê-lo um pouco mais. Mas, eis que a vida tem trapas e trapaças . Primeiro foi o Marcello – depois Eduardo. Dois grandes amores invencíveis. Dois garotos. Fui mãe e pai – a la vez - vivi tod