500 anos esta noite De onde vem essa mulher que bate à nossa porta 500 anos depois? Reconheço esse rosto estampado em pano e bandeiras e lhes digo: vem da madrugada que acendemos no coração da noite. De onde vem essa mulher que bate às portas do país dos patriarcas em nome dos que estavam famintos e agora têm pão e trabalho? Reconheço esse rosto e lhes digo: vem dos rios subterrâneos da esperança, que fecundaram o trigo e fermentaram o pão. De onde vem essa mulher que apedrejam, mas não se detém, protegida pelas mãos aflitas dos pobres que invadiram os espaços de mando? Reconheço esse rosto e lhes digo: vem do lado esquerdo do peito. Por minha boca de clamores e silêncios ecoe a voz da geração insubmissa para contar sob sol da praça aos que nasceram e aos que nascerão de onde vem essa mulher. Que rosto tem, que sonhos traz? Não me falte agora a palavra que retive ou que iludiu a fúria dos carrascos durante o tempo sombrio que nos coube combater. Filha do espanto e da indignação, filha
“Quando o extraordinário se torna cotidiano é a revolução”. Che