Enquanto o General Médici capitalizava a vitória do tricampeonato para seu governo, mérito único e exclusivo de vinte e duas feras muito bem treinadas e definidas pelo João “o sem medo” - o João Alves Jobim Saldanha, comunista de carteirinha como costumava ser chamado, - milhares de brasileiros eram assassinados, torturados, mutilados, estuprados nas prisões. Misto de dor e alegria. Afinal, de que vive um povo sofrido, faminto, carente de escolas, de vida, se não dessas gotas de felicidade doadas generosamente por seu próprio povo? Os meninos do futebol. Estes mesmos, saídos dos guetos, das favelas, da fome, dos maus-tratos, da falta de futuro. Saldanha tinha esta consciência. Por isso, desafiava generais. Por isso, era irascível. Ele, melhor que ninguém, conhecia a verdade. O futebol é o presente que o povo se dá. É o seu momento de liberdade. É a demonstração do que somos capazes. Vencer... Os meninos prodígios do futebol não ditam as leis que regem o país, não comandam exércitos, nã