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MÃES, CADA QUAL TEM UMA ESTÓRIA PARA CONTAR





Anos 60 do século XX. Década de muitas surpresas . Lindas algumas, outras de  brutal violência.


Despertei enjoada, uma pequena cólica estranha. Levanto devagarzinho. Algo me molesta, semi dormida não entendia quê. Vou ao banheiro, estou sangrando.

Em instantes,  rumo  a maternidade. Primeiro vez  suele ser assim.
- Nada. Rebate falso alega o doutor. Dilatação zero.Volte quando as contrações aumentarem. A cada meia hora está de bom tamanho. 
- Que loucura é essa? Quando as dores chegarem de meia em meia hora volto? Ouvi bem? Mas por onde vai nascer este bebe? Ë grande demais. De passo só tenho está barriga.

Por onde anda este médico num dia ensolarado e lindo. Seguro faremos cesariana, observou na última consulta. Pela dimensão e peso, inviável parto normal.
-Está no sitio, volta no domingo à noite, e hoje é sábado. Bem que o Vinicius  de Moraes tinha razão.
- Não temos como comunicar.
-Não posso acreditar.
-Pois assim é. Hoje, casa meu irmão. Esta criança não vai nascer agora. Não viu o que disse o plantonista?
- Vá ao cabeleireiro. Fique linda. Põe aquele vestido charmossissimo. Vamos festejar.

As 17:00h regressei à maternidade. Cheia de dor dei entrada no pré parto. Entre dores e dores, suaves fortes, despertei motivada pela voz que dizia: abre os olhos, já passou. Meio dormida balbuciei : é Marcello?
Dois dias antes que Marcello comemorasse seu primeiro ano, chegou Eduardo. Sete meses, mil cuidados, sustos e sustos.

Magicamente as primeiras palavras, mãee! Pombo! me dá água.. Febres, resfriados, as famosas dores abdominais que nos dilaceram. Os  primeiros passos, o murito - mãozinhas ansiosas de felicidade – primeiro dia de aula, beijos na namoradinha,  desilusões, infinitas  historias,  casamentos,
divórcios, novos horizontes, filhos, a vida correndo em direção aos sonhos em vertiginosos encontros e desencontros.
Numa espiral, em todos os recantos do mundo milhares de mães repetem a mesma história. Doces, suaves, duras, complicadas, ternas, exigentes, dedicadas, relapsas, portais de entrada de bilhões de seres humanos, que percorrem caminhos organizando a vida.

Domingo 13/05/2018 - Um dia perdido no século XX

Hoje, abraço comovida aquela que não ouviu o toque na porta  do filho  desaparecido nos cárceres
da ditadura. Comprometo seguir lutando  por àquelas que lutam por justiça contra a bala perdida no caminho da escola, no atentado nas ruas e vielas escuras das cidades,, minimizar  o ódio que se instalou no coração dos homens,
Hoje, neste dia em que  cada beijo tem um peso diferente nosso compromisso com a verdade a justiça,  a liberdade, deve ser a meta maior de nosso compromisso com a sociedade.

Ãs heroínas  de um tempo cruel de espera da chegada, da justiça, da verdade.  A elas o nosso amor, o nosso respeito, a nossa solidariedade. Por elas, nós mães de ontem e de hoje, filhos e netos temos o dever  de priorizar  este reencontro.
Só assim estaremos cumprindo nossa missão de geradoras do homem novo, aliviando o coração de quantas esperam um toque diferente  para dar continuidade as suas vidas.

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