Por
várias vezes em anos recentes, a imprensa vinculou-me a escândalos que, depois
de concluídas as investigações, denunciados os responsáveis e finalizados os
inquéritos, comprovou-se que eu nada tinha a ver com tais episódios. Meu nome
nem sequer figurou como testemunha nestes processos.
Foi
assim pelo menos seis vezes: nos casos Celso Daniel; MSI-Corinthians;
Eletronet; Operação Satiagraha; Carlos Alberto Bejani, ex-prefeito de Juiz de
Fora (MG), do PTB; e Alberto Mourão, ex-prefeito de Praia Grande (SP), do PSDB.
Em
alguns desses casos – como Bejani, Eletronet e Satiagraha –, meu nome foi parar
no noticiário das TVs. Repito: encerradas as investigações, denunciados os
responsáveis e finalizados os inquéritos, comprovou-se que eu nunca tive
ligações com nada disso.
Agora,
a história se repete.
A
partir de declarações de Cyonil Borges, ex-auditor do TCU sob investigação da
Polícia Federal na Operação Porto Seguro, que apura denúncias relacionadas a
Paulo Vieira (ex-diretor da Agência Nacional de Águas-ANA), de novo sou
envolvido. Gratuitamente. Irresponsavelmente, como das outras vezes. As
investigações ainda estão em curso e meu nome já é escandalosamente noticiado
como relacionado ao caso.
Não
custa recordar que Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito assassinado de Santo
André, Celso Daniel, fez o mesmo: acusou-me de beneficiário de esquema de
corrupção que teria havido em Santo André. Quando o processei por calúnia, ele
afirmou em juízo que ouvira de terceiros que eu era o destinatário de recursos
financeiros ilegais para campanhas eleitorais do PT.
Francisco
Daniel retratou-se, de forma cabal e indiscutível na Justiça. Mas isso
praticamente não foi noticiado pela imprensa. E continua sem ser noticiado
quando a mídia com frequência volta ao caso Celso Daniel. Ela repete a acusação
que me foi feita por Francisco, sem registrar – ou fazendo-o sem o menor
destaque – que ele se retratou.
Assim foi em todos os demais casos
que lembrei. Envolvem meu nome no noticiário com o maior estardalhaço, mas
encerrados a "temporada" e o sucesso midiático do escândalo,
silenciam quanto ao fato de nada ter se provado contra mim – pelo contrário, as
investigações terem concluído que eu não tive o menor envolvimento com o caso
em pauta.
São
Paulo, 28/11/2012
José Dirceu