INJUSTA SENTENÇA
Dediquei minha vida ao
Brasil, a luta pela democracia e ao PT. Na ditadura, quando nos opusemos
colocando em risco a própria vida, fui preso e condenado. Banido do país, tive
minha nacionalidade cassada, mas continuei lutando e voltei ao país clandestinamente
para manter nossa luta. Reconquistada a democracia, nunca fui investigado ou
processado. Entrei e saí do governo sem patrimônio. Nunca pratiquei nenhum ato
ilícito ou ilegal como dirigente do PT, parlamentar ou ministro de Estado. Fui
cassado pela Câmara dos Deputado e, agora, condenado pelo Supremo Tribunal
Federal sem provas porque sou inocente.
A pena de 10 anos e 10
meses que a suprema corte me impôs só agrava a infâmia e a ignomínia de todo
esse processo, que recorreu a recursos jurídicos que violam abertamente nossa
Constituição e o Estado Democrático de Direito, como a teoria do domínio do
fato, a condenação sem ato de ofício, o desprezo à presunção de inocência e o
abandono de jurisprudência que beneficia os réus.
Um
julgamento realizado sob a pressão da mídia e marcado para coincidir com o
período eleitoral na vã esperança de derrotar o PT e seus candidatos. Um
julgamento que ainda não acabou. Não só porque temos o direito aos recursos
previstos na legislação, mas também porque temos o direito sagrado de provar
nossa inocência.
Não me calarei e não me
conformo com a injusta sentença que me foi imposta. Vou lutar mesmo cumprindo
pena. Devo isso a todos os que acreditaram e ao meu lado lutaram nos últimos 45
anos, me apoiaram e foram solidários nesses últimos duros anos na certeza de
minha inocência e na comunhão dos mesmos ideais e sonhos.
José Dirceu