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“.. Quando nada mais precisar ser desmascarado “

Sábado chovia forte, uma chuva de verão num clima de inverno sulino. O ideal seria uma cama aconchegante, um bom livro, Beethoven como fundo musical . Mas, a opção postergada pela campanha ir ao CCBB ver a “Opera dos Vivos” era imperdível. Viajar na historia recente – o meu tempo – conviver com eles em cena, emocionar-me diante do infortúnio da desesperança, despencar abruptamente na esperança, é inesquecível.
Das ligas camponesas – do meu querido companheiro de luta em n etapas da minha vida Francisco Juliao, em cena a critica da realidade ao invés de uma imitação passiva, diante dos meus olhos o golpe militar que escureceu o Cruzeiro do Sul durante décadas, assassinando, torturando jovens vidas comprometidas com a liberdade, a sociedade vazia sem sentido, movida pela crença ainda bem atual de que o capital emancipa o homem.
Passar por Miranda – a cantora protesto que regressa do coma quando o comportamento alienígena invadia os palcos, que ela entrou profundo lá dentro escondeu-se furtivamente, sussurrou baixinho. O Brasil está mudando os sonhos já são possíveis. Milhões saíram da faixa da miséria e os dias vindouros prometem uma nova era para nosso País.
Quatro atos esmeradamente elaborados, entrelaçados entre passado e presente numa contemporaneidade impar. Cenários perfeitos para cada etapa, som, musica e ação dentro da mais fina sintonia.
Atores, parágrafo a parte. Eles se confundem em excelência e técnica num discurso afinado com o gestual, dando vida a pesquisa profunda e a individualidade de cada um. De Ney Piacentini a Anna Petta todos estavam perfeitos em suas personagens em instantes em que podíamos tocá-los dentro de uma magia real aliada a direção e a dramaturgia genial de Sergio Carvalho.
“Sou um escritor de pecas... vi como o homem é negociado, isso eu mostro, eu, o escritor de pecas...” BBrecht

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1996 - Direitos Humanos violados no Brasil e no Mundo

Ao longo das últimas décadas, o Brasil assinou uma série de convenções, tratados e declarações que visam a garantir os direitos humanos fundamentais em nosso país. Apesar disso, diariamente, pessoas sofrem por terem seus direitos violados. São humilhadas, maltratadas e, muitas vezes, assassinadas impunemente. Tais fatos repercutem mundialmente, despertando o interesse de diversas organizações não-governamentais, que se preocupam em garantir os direitos acima mencionados, como a Human Rights Watch, que, anualmente, publica uma reportagem sobre a situação dos direitos humanos em diversos países do mundo, e cujos relatos sobre o Brasil, nos anos de 1996 e 1997, serviram de base para o relato exposto a seguir. Relatório em 1996: O ano de 1996, no Brasil, foi marcado por massacres, violência rural e urbana, más condições penitenciárias e impunidade gritante. No dia 19 de abril, em Eldorado dos Carajás, Pará, a Polícia Militar, com ordem para evitar que cerca de duas mil famílias ocupassem

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José Ibrahim- um herói do movimento operário 1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera. Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar. Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de

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Única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura do regime militar em Petrópolis. Responsável depois pela localização da casa e do médico-torturador Amílcar Lobo. Autora do único registro sobre o paradeiro de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, que comandou Dilma Rousseff nos tempos da VAR-Palmares. Última presa política a ser libertada no Brasil. Aos 69 anos, Inês Etienne Romeu tem muita história para contar. Mas ainda não pode. Vítima há oito anos de um misterioso acidente doméstico, que a deixou com graves limitações neurológicas, ela luta para recuperar a fala. Cinco meses depois de uma cirurgia com Paulo Niemeyer, a voz saiu firme: DIREITOS HUMANOS: Ministra acredita na aprovação da Comissão da Verdade no primeiro semestre deste ano - Vou tomar banho e esperar a doutora Virgínia. Era a primeira frase completa depois de tanto tempo. Foi dita na manhã de quarta-feira, em Niterói, no apartamento onde Inês trava a mais recente batalha de sua vida. Doutora Virgínia é a fis