O grande desafio para este milenio é construir uma consciência coletiva de forma a que tenhamos “uma sociedade para todas as idades”, com justiça e garantia plena de direitos.
- Não vou levar o Sr. ao médico . Não posso. Tenho que fazer dinheiro. Por sua causa entrei no cheque especial. Duas mil canas. Entendeu? Já. Como quiser. Desligou o celular.
Novamente o toque original do Nokia.
- Que você quer agora? Estou com passageiro. Ha! desculpe, pensei que era aquele velho maluco.
- Isis entenda não vou levar aquele homem ao medico. Perco o dia inteiro. Ele que vá sozinho.
Mas,... não vou já disse. Quem vai pagar a NET? Assim não agüento. Não agüento a carinha bonitinha da Fatima Bernardes com aquele cachecol na Copa, nem o maridinho dela. Dois pombinhos. Nem o Faustão. Tenho que pagar a NET são R$170,00 reais. Quem paga para eu ver a Globo News? Depois eu ligo. Ciao.
Quantos anos tem seu pai? - pergunto
- Oitenta e sete anos – respondeu.
- O senhor tem?
- 58.
- Cinqüenta e oito e o trata dessa forma?
Que quer que eu faça, madame. Ninguém agüenta um velho.
Mas, um dia ele...
De pronto, o taxi parou. O gás acabou sinto muito.
- Mas, como? Vou ficar aqui até encontrar outro carro?
- Não posso fazer nada. O gás acabou.
Desci furiosa. Não pude falar. A indignação aflorava por todos os poros. Queria arrebentar-lhe a cara com um único soco. Como podia esbravejar daquela forma com um senhor de 87 anos. Como ousava?
Um frio gelado queimava meu rosto. Caramba! Esqueci de pegar um novo taxi. Estava caminhando em direção a casa. Como ousam!
E, aquela primeira alegria com o rosto colado no vidro do berçário na maternidade numa fria madrugada de julho? Os primeiros passos. A primeira palavra que o guri falou. Não foi nem água, nem laura, nem mami – sorridente gritava pela casa papapapapapapapappappa!
Você viu Severina? Foi papai que ele disse. Ouviu?
- Claro Zé. Sempre é assim. A gente cuida, fica sem dormir, carrega no colo, faz as mamadeiras ... mas a primeira palavra balbuciada é papai. Culpa nossa. Ensinamos primeiro amá-los, porque foi da junção de uma grande paixão que ele surgiu nas nossas vidas.
Perdida em divagações cheguei a avenida. Quanta saudade pela vida afora!. Ainda sinto o calor daquela despedida. O último beijo. Recomendações. Seja boazinha. Educada, estudiosa. Obedeça sua mãe e cuide dela.
Claro que nunca obedeci a minha mãe. Partiu tão pronto ele faleceu dias depois. Estudiosa sim. Educada também. Afinal, como ser diferente detrás de quatro paredes durante anos a fio, num Colégio de Freiras.
Amanhã na casa do taxista, com certeza vão comemorar o velho ranzinha e chato de 87 anos. Churrasco, cervejas Skol possivelmente vão rolar durante todo o dia. Afinal, a sociedade de consumo criou um dia especial para que seja festejado o dia dos Pais.
Segunda - feira , quantos senhores passados os 80 anos precisarão ir ao médico . Quem os levara?
Art. 2o - O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde, em condições de liberdade e dignidade.”
- Não vou levar o Sr. ao médico . Não posso. Tenho que fazer dinheiro. Por sua causa entrei no cheque especial. Duas mil canas. Entendeu? Já. Como quiser. Desligou o celular.
Novamente o toque original do Nokia.
- Que você quer agora? Estou com passageiro. Ha! desculpe, pensei que era aquele velho maluco.
- Isis entenda não vou levar aquele homem ao medico. Perco o dia inteiro. Ele que vá sozinho.
Mas,... não vou já disse. Quem vai pagar a NET? Assim não agüento. Não agüento a carinha bonitinha da Fatima Bernardes com aquele cachecol na Copa, nem o maridinho dela. Dois pombinhos. Nem o Faustão. Tenho que pagar a NET são R$170,00 reais. Quem paga para eu ver a Globo News? Depois eu ligo. Ciao.
Quantos anos tem seu pai? - pergunto
- Oitenta e sete anos – respondeu.
- O senhor tem?
- 58.
- Cinqüenta e oito e o trata dessa forma?
Que quer que eu faça, madame. Ninguém agüenta um velho.
Mas, um dia ele...
De pronto, o taxi parou. O gás acabou sinto muito.
- Mas, como? Vou ficar aqui até encontrar outro carro?
- Não posso fazer nada. O gás acabou.
Desci furiosa. Não pude falar. A indignação aflorava por todos os poros. Queria arrebentar-lhe a cara com um único soco. Como podia esbravejar daquela forma com um senhor de 87 anos. Como ousava?
Um frio gelado queimava meu rosto. Caramba! Esqueci de pegar um novo taxi. Estava caminhando em direção a casa. Como ousam!
E, aquela primeira alegria com o rosto colado no vidro do berçário na maternidade numa fria madrugada de julho? Os primeiros passos. A primeira palavra que o guri falou. Não foi nem água, nem laura, nem mami – sorridente gritava pela casa papapapapapapapappappa!
Você viu Severina? Foi papai que ele disse. Ouviu?
- Claro Zé. Sempre é assim. A gente cuida, fica sem dormir, carrega no colo, faz as mamadeiras ... mas a primeira palavra balbuciada é papai. Culpa nossa. Ensinamos primeiro amá-los, porque foi da junção de uma grande paixão que ele surgiu nas nossas vidas.
Perdida em divagações cheguei a avenida. Quanta saudade pela vida afora!. Ainda sinto o calor daquela despedida. O último beijo. Recomendações. Seja boazinha. Educada, estudiosa. Obedeça sua mãe e cuide dela.
Claro que nunca obedeci a minha mãe. Partiu tão pronto ele faleceu dias depois. Estudiosa sim. Educada também. Afinal, como ser diferente detrás de quatro paredes durante anos a fio, num Colégio de Freiras.
Amanhã na casa do taxista, com certeza vão comemorar o velho ranzinha e chato de 87 anos. Churrasco, cervejas Skol possivelmente vão rolar durante todo o dia. Afinal, a sociedade de consumo criou um dia especial para que seja festejado o dia dos Pais.
Segunda - feira , quantos senhores passados os 80 anos precisarão ir ao médico . Quem os levara?
Art. 2o - O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde, em condições de liberdade e dignidade.”