Pular para o conteúdo principal

2010- 27/05 Estado Brasileiro pede perdão aos seus filhos exilados

 
Posted by Picasa



Dia 29 de maio de 2010, na Assembléia legislativa do Estado do Rio de Janeiro – Alerj o Estado Brasileiro vai pedir perdão aos meus filhos. Aquelas criancinhas, que num marco de 1969 com 1 e 2 anos entraram junto com seus pais na clandestinidade.
Sem amigos, sem idas ao parque pelas manhãs, sem festas de aniversario, quase que em silencio para não serem ouvidos percorreram o Brasil ora dormindo em casas de amigos, ora em barracos nas favelas, ora em porões infestados de morcegos, muitas vezes, no banco traseiro de um fusca na beira das estradas que cruzam a terra Brasil, até o seqüestro de um avião – durante 3 dias de perigo intenso – conseguimos tira-los das mãos dos esbirros da ditadura . Dez anos de exílio. Sem sobrenome, sem nacionalidade.
O Brasil mudou. Muitos deram a vida, tantos outros contribuíram para que hoje possam compreender a irreparável perda das referencias que fazem toda a diferença na educação e na formação de um ser humano. Seus primeiros anos de vida. Incluo-me neste pedido de perdão como mãe, amiga e companheira. Sabemos que ninguém pode repor a energia, o ritmo, o desenvolvimento, a pulsação da nosso solo natal. Que não podemos restituir-lhes o brilho de nossas estrelas, chegamos atrasados com Macunaíma, com Corisco e Lampião. Vocês não puderam conviver a saga de Tiradentes, tampouco o amor de Dirceu por Marilia que como nos foi banido por lutar contra a miséria e a exploração imposta pelo colonizador.
Assim viveram ....
.. Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.....
Agora , passado alguns anos do regresso após a anistia podem junto a nós lado a lado reconstruir a nossa memória, exercer a sua cidadania, fazer valer os direitos constitucionais e acima de tudo construir no dia a dia um mundo melhor para todos.

  • Email marilia@kit5.com.br
  • Posts Mais Lidos

    1996 - Direitos Humanos violados no Brasil e no Mundo

    Ao longo das últimas décadas, o Brasil assinou uma série de convenções, tratados e declarações que visam a garantir os direitos humanos fundamentais em nosso país. Apesar disso, diariamente, pessoas sofrem por terem seus direitos violados. São humilhadas, maltratadas e, muitas vezes, assassinadas impunemente. Tais fatos repercutem mundialmente, despertando o interesse de diversas organizações não-governamentais, que se preocupam em garantir os direitos acima mencionados, como a Human Rights Watch, que, anualmente, publica uma reportagem sobre a situação dos direitos humanos em diversos países do mundo, e cujos relatos sobre o Brasil, nos anos de 1996 e 1997, serviram de base para o relato exposto a seguir. Relatório em 1996: O ano de 1996, no Brasil, foi marcado por massacres, violência rural e urbana, más condições penitenciárias e impunidade gritante. No dia 19 de abril, em Eldorado dos Carajás, Pará, a Polícia Militar, com ordem para evitar que cerca de duas mil famílias ocupassem

    José Ibrahim- um herói do movimento operário

    José Ibrahim- um herói do movimento operário 1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera. Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar. Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de

    Inez Etienne - única sobrevivente da casa da morte em Petrópolis

    Única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura do regime militar em Petrópolis. Responsável depois pela localização da casa e do médico-torturador Amílcar Lobo. Autora do único registro sobre o paradeiro de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, que comandou Dilma Rousseff nos tempos da VAR-Palmares. Última presa política a ser libertada no Brasil. Aos 69 anos, Inês Etienne Romeu tem muita história para contar. Mas ainda não pode. Vítima há oito anos de um misterioso acidente doméstico, que a deixou com graves limitações neurológicas, ela luta para recuperar a fala. Cinco meses depois de uma cirurgia com Paulo Niemeyer, a voz saiu firme: DIREITOS HUMANOS: Ministra acredita na aprovação da Comissão da Verdade no primeiro semestre deste ano - Vou tomar banho e esperar a doutora Virgínia. Era a primeira frase completa depois de tanto tempo. Foi dita na manhã de quarta-feira, em Niterói, no apartamento onde Inês trava a mais recente batalha de sua vida. Doutora Virgínia é a fis