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Mostrando postagens de agosto, 2013

BEM NO FUNDO - PAULO LEMINSKI

Bem no fundo No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja que olhas pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas

BEM NO FUNDO - PAULO LEMINSKI

Bem no fundo No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja que olhas pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas

E, a vida é assim...

E, a vida é assim ... O frio entrava pelas dobras do cobertor quadriculado de um amarelo claro aquecendo-me  o peito num dos dias mais intrigantes de uma nova crise asmática. Ajoelhado aos meus pés  balançando a cadeira num misto de tristeza contida e alegria disfarçada no sorriso, ele me beijava as mãos, bochechas, beliscava de um lado, beijava do outro numa despedida difícil. Foi a última vez que seus olhos cruzavam os meus. Últimos  beijos, último sorriso. Eu, Sete anos. Ele toda uma vida pela frente, não fosse o fim do caminho. Desta lembrança me sobrou a infinita saudade. Não fiz análise, não procurei nas esquinas, nem em nenhum olhar. Não permiti que a vida borrasse  este momento. Não deixei que vida me roubasse aquela  ternura. Pela vida afora não decidi um dia para homenageá-lo, nem para querê-lo um pouco mais. Mas, eis que a vida tem trapas e trapaças . Primeiro foi o Marcello – depois Eduardo. Dois grandes amores invencíveis. Dois garotos. Fui mãe e pai – a la vez  - vivi tod

E, a vida é assim...

E, a vida é assim ... O frio entrava pelas dobras do cobertor quadriculado de um amarelo claro aquecendo-me  o peito num dos dias mais intrigantes de uma nova crise asmática. Ajoelhado aos meus pés  balançando a cadeira num misto de tristeza contida e alegria disfarçada no sorriso, ele me beijava as mãos, bochechas, beliscava de um lado, beijava do outro numa despedida difícil. Foi a última vez que seus olhos cruzavam os meus. Últimos  beijos, último sorriso. Eu, Sete anos. Ele toda uma vida pela frente, não fosse o fim do caminho. Desta lembrança me sobrou a infinita saudade. Não fiz análise, não procurei nas esquinas, nem em nenhum olhar. Não permiti que a vida borrasse  este momento. Não deixei que vida me roubasse aquela  ternura. Pela vida afora não decidi um dia para homenageá-lo, nem para querê-lo um pouco mais. Mas, eis que a vida tem trapas e trapaças . Primeiro foi o Marcello – depois Eduardo. Dois grandes amores invencíveis. Dois garotos. Fui mãe e pai – a la vez  - viv