A mesma caminhada suave de trinta anos atrás percorria o tapete vermelho do salão nobre da Assembléia Legislativa em direção a tribuna quando deparou comigo .O mesmo sorriso doce e a mesma voz. -Oi querida quanto tempo não nos vemos – falou baixinho enquanto eu lhe beijava a fronte. - Que saudade – sussurrei embora soubesse que estava atrapalhando a entrada. Os grandes sentimentos quebram tabus, protocolos, e muitas coisas mais. Dona Ivone Lara era a homenageada do dia. Majestosa, linda, tranqüila, segura embora os anos tenham tirado a pisada firme de tempos atrás. Não importa. O que conta é o que levamos dentro escondido nos recantos penetráveis de nossas lembranças. O chegada do exílio era muito recente. Recomeçar a vida. Começar do zero mais difícil do que imaginava. Os meninos adolescentes resistiam adaptar-se a cruel realidade de um capitalismo agressivo, da pobreza caída nas calçadas dos melhores bairros da cidade, da falta de ética dos professores no tratamento com dois me
“Quando o extraordinário se torna cotidiano é a revolução”. Che