Pular para o conteúdo principal

AO GUERRILHEIRO HEROICO - CHE GUEVARA

Ita não veio trabalhar, impossível sair e deixar Marcello. A noite mal dormida, o dia chuvoso, aquela angústia queimando o peito. Que fazer? Passaria o dia entre avaliações da escola, brincaria com Marcello, leria alguns poemas que podiam diminuir aquele mal estar sem sentido aparente.

Após o almoço, liguei a televisão. Quem sabe um filme. Edu inquieto mexendo e remexendo na barriga já num adiantado sete meses, quase prontinho para chegar. Marcello insistia em revolver os livros da estante, sua diversão predileta sempre que a porta da biblioteca se encontrava aberta.

De repente, um furacão invadiu à sala: Ernesto Guevara - Che, o guerrilheiro argentino foi capturado cerca de Higueras. – na Bolívia. Outra noticia sobre a prisão do rebelde em poucos minutos. - informou o repórter.

Inverossímil. Puras especulações. Nada disso poderia ser verdade. Nada. Absolutamente. Era mentira. Comecei a chorar.

Estampada na tela TV cabeça tombada para trás, olhos entreabertos como olhando a vida El Che. Assassinaram o Che, Marcello. Assassinaram nosso guerrilheiro heroico. Abraçada a meu filho chorava desesperadamente. Che representava a esperança viva de liberdade do mundo. Che representava a ternura, a força, o ideal revolucionário. O nosso Comandante Guevara.

 Nem Moacir. Nem Juarez. Somente Marcello com seus 7 meses, e Edu revolvendo no meu ventre. Caminhava de lá para cá alucinada. Desesperadamente perdida. O sofrimento era maior do que razão de não traumatizar duas crianças. Poucos dias, conheci de tamanha tristeza, revolta e impotência, somente comparado ao atentado a avião da Cubana de Aviação, em Barbados.

Hoje, 50 anos depois não chove. Marcello está longe, Edu também.  Não choro. Somente  uma  sensação de vazio latino americano. 

Reafirmamos esta  saudade que emudece a terra. Ernesto Che Guevara vive. Floresce nos campos da América Latina, cruza fronteiras, ganha espaço no coração de milhares de gerações que seguem seu exemplo e ostentam orgulhosos sua imagem de ternura intensa.
O Brasil vive uma das crises moral e ética mais profunda de sua história. A direita tenta  a  força retirar todos os direitos conquistados. Nossos parlamentos tem odor a fezes medievais. O povo brasileiro luta contra a falta de ética, dignidade, e perda de valores essenciais. Já não somos Querido Comandante  um povo alegre, muito menos feliz. Estamos triste. Mais uma vez o império com seus tentáculos invade nossas florestas, lobotomiza nosso povo.  Vamos numa tentativa hercúlea  nos fortalecemos na luta diária na tentativa de despertar o sentimento de defender e amar nossa Pátria.

América mudou e muito. Conquistamos liberdades. Perdemos outras, seguimos.  Uma certeza não me deixa desistir. A Liberdade é essencial para todos, a ternura também.  Sei como sei da sua entrega pela libertação do homem  e de que  sempre  novas gerações procurarão ser como Você. Entre perdas e ganhos um dia não muito distante recuperamos a soberania convictos de que Pátria não é um solo cheio de riquezas que mantém os poderoso. Pátria é a terra donde nossos pés tirou a energia que alimentou nossos sonhos e os transformou em realidade.
Pátria o muerte! Venceremos! 

Posts Mais Lidos

1996 - Direitos Humanos violados no Brasil e no Mundo

Ao longo das últimas décadas, o Brasil assinou uma série de convenções, tratados e declarações que visam a garantir os direitos humanos fundamentais em nosso país. Apesar disso, diariamente, pessoas sofrem por terem seus direitos violados. São humilhadas, maltratadas e, muitas vezes, assassinadas impunemente. Tais fatos repercutem mundialmente, despertando o interesse de diversas organizações não-governamentais, que se preocupam em garantir os direitos acima mencionados, como a Human Rights Watch, que, anualmente, publica uma reportagem sobre a situação dos direitos humanos em diversos países do mundo, e cujos relatos sobre o Brasil, nos anos de 1996 e 1997, serviram de base para o relato exposto a seguir. Relatório em 1996: O ano de 1996, no Brasil, foi marcado por massacres, violência rural e urbana, más condições penitenciárias e impunidade gritante. No dia 19 de abril, em Eldorado dos Carajás, Pará, a Polícia Militar, com ordem para evitar que cerca de duas mil famílias ocupassem
Participe do IX ENCONTRO INTERNACIONAL DE INTELECTUAIS E ARTISTAS EM DEFESA  DA HUMANIDADE View more documents from Eduardo Guimaraes .

José Ibrahim- um herói do movimento operário

José Ibrahim- um herói do movimento operário 1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera. Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar. Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de