Parecia plumagem ao vento quando tocou o solo sem querer
violar cada pedacinho das ruas iluminadas. Caminhei devagar desfrutando o
cheiro longe do mar.
Faz tempo ando curiosa. Entre o longínquo ponto norte americano, ao sul do
extremo continente, numa rua para mim desconhecida na fronteira do meu país,
pulsa o coração da América.
Inquieta buscava na madrugada, na calma da noite o amanhecer.
Se ensolarado ou chuvoso nenhuma diferença, abraçaria meu poeta, seresteiro, amigo,
companheiro de toda uma vida, meu filho brasileiro, carioca, macuxi, entraria
no imaginário do meu Pablo querido.
Os primeiros matizes de verde foram surgindo enquanto no
horizonte o sol despertava ainda tímido sob seus feixes de luz – estou na Boa
Vista Pablo - orgulhoso pronunciando suas primeiras palavras. Estou na Boa
Vista. Vou desvendá-la, esmiúça-la, vira-la pelo avesso descobrir o gosto, seus
costumes, tocá-la, encontrar seus
segredos
.
Num susto o toque do WhatsApp desvia meus sentidos.
Bom dia, criança!
Bom dia! (Todos os
dias esta frase se repete) (Hoje....)
Vem cá – respondo
E, a distância se fez presente logo ali, olhos adentro. Nestes
momentos sempre bate aquela dúvida – nunca sei se gosto mais de mim ou de vocês.
Sei que valem anos de um caleidoscópio onde verbos substantivados, adjetivos perdidos
em frases inacabadas, angústias mal resolvidas, felicidade, lágrimas, risos se
perdem no calor do abraço apertado.
Por onde anda Teresa?
Chega no voo da 1:00h. Sempre dando duro. Arrojada esta
menina moça, mulher feita, avó, mãe, companheira, guerreira das boas.
Assim nasceu, cresceu, foi tomando forma este paraíso apesar
de uma conturbada conquista, em 1887. De uma fazenda ás margens do Rio Branco
um dos mais importantes da região Amazônica,invadida pelos descobridores ingleses,
espanhóis, interessados na criação de gado, abriu-se ás margens de um dos mais importantes rios da
região amazônica – o Rio Branco.
Da
fazenda construída a beira do Rio vai surgindo um povoado entre a brisa que vem
das águas ao gosto do vento, ao bronzeado pelo sol na linha do equador.
Principal concentração de
terras indígenas, os ianomâmis, o macuxi – principal etnia indígena latina
-americana, terra fronteiriça no extremo norte do pais desperta a magia de
quantos passam ou ficam por aqui abençoados pelo Monte Roraima, morada de Makunaima,
fecundado no topo do Monte durante um eclipse, segundo os índios Macuxi,
cresceu forte, e tornou um guerreiro. Seu povo herdou a fortaleza dos ventos, a
força das águas, a suavidade e a luz de suas estrelas.