Despertei enjoada, uma pequena cólica estranha. Levanto devagar, bem devagarzinho porque algo me molestava e semi dormida não entendia bem o quê? Vou ao banho, me deparo com gotas de sangue.
Fausto, fausto – alguma coisa errada comigo. Estou sangrando.
Em instantes, estava no carro em direção a maternidade. Marinheiro, de primeira viagem, suele ser assim.
Nada. Rebate falso alega o doutor. Dilatação zero.Volte quando as contrações aumentarem. A cada meia hora está de bom tamanho.
Que loucura é essa? Quando as dores chegarem de meia em meia hora volto? Ouvi bem? Mas por onde vai nascer este bebe? Ë grande demais. Sou pequenina. De passo só tenho está barriga.
Por onde anda Dr. Botelho? Seguro faria cesariana. Foi sua ultima observação dias atrás. Não acreditava pelas dimensões do bebe que pudesse acontecer um parto normal.
Já liguei. Está no sitio, volta no domingo à noite, e hoje é sábado.
Não posso acreditar.
Pois assim é. Hoje, casa meu irmão e vamos à boda. Esta criança não via nascer agora. Não viu o que disse o plantonista?
Vai ao cabeleireiro. Arruma linda. Põe aquele vestido charmossissimo. Vamos festejar.
As 17:00h regressei à maternidade. Cheia de dor dei entrada no pré parto. Entre dores e dores, suaves fortes, despertei motivada pela voz que dizia: abre os olhos, já passou. Meio dormida balbuciei: é Marcello? Caí no sono até a manha seguinte.
Menos de um ano depois chegou Eduardo, sete meses, mil cuidados, sustos e sustos.
Sucederam magicamente as primeiras palavras, mãee! Pombo! Febres, resfriados, as famosas dores abdominais que dilaceram nossos sentimentos. Primeiros passos, o murito - mãozinhas ansiosas de felicidade – primeiro dia de aula, primeiros beijos na namoradinha da escola, primeiras desilusões, primeiras vitorias. Numa espiral, em todos os recantos do mundo milhares de mães repetem a mesma história. Doces, suaves, duras, ternas, exigentes, dedicadas, relapsas como sejam – portais de entrada de milhões de seres humanos que percorrem o mesmo caminham em busca da realização cada qual de seus sonhos.
Mas, este dia tem para mim um caráter muito especial. Super especial. Dedico àquelas mães que na suprema lucidez do amor esperam a chegada a qualquer momento de seus filhos desaparecidos. Daqueles jovens que na luta pela liberdade foram massacrados pelas ditaduras que assolaram nosso continente, ceifando vidas, torturando, destruindo famílias, seqüestrando crianças. Àquelas mães heroínas sofredoras de um tempo cruel de espera. A elas o nosso amor, o nosso respeito, a nossa solidariedade. Por elas, nós mães de ontem e de hoje, filhos e netos devemos priorizar a luta da busca de seus filhos desaparecidos. Só assim estaremos cumprindo nossa missão de geradoras do homem novo, aliviando o coração de quantas esperam um toque diferente em suas portas, para dar continuidade as suas vidas.
Fausto, fausto – alguma coisa errada comigo. Estou sangrando.
Em instantes, estava no carro em direção a maternidade. Marinheiro, de primeira viagem, suele ser assim.
Nada. Rebate falso alega o doutor. Dilatação zero.Volte quando as contrações aumentarem. A cada meia hora está de bom tamanho.
Que loucura é essa? Quando as dores chegarem de meia em meia hora volto? Ouvi bem? Mas por onde vai nascer este bebe? Ë grande demais. Sou pequenina. De passo só tenho está barriga.
Por onde anda Dr. Botelho? Seguro faria cesariana. Foi sua ultima observação dias atrás. Não acreditava pelas dimensões do bebe que pudesse acontecer um parto normal.
Já liguei. Está no sitio, volta no domingo à noite, e hoje é sábado.
Não posso acreditar.
Pois assim é. Hoje, casa meu irmão e vamos à boda. Esta criança não via nascer agora. Não viu o que disse o plantonista?
Vai ao cabeleireiro. Arruma linda. Põe aquele vestido charmossissimo. Vamos festejar.
As 17:00h regressei à maternidade. Cheia de dor dei entrada no pré parto. Entre dores e dores, suaves fortes, despertei motivada pela voz que dizia: abre os olhos, já passou. Meio dormida balbuciei: é Marcello? Caí no sono até a manha seguinte.
Menos de um ano depois chegou Eduardo, sete meses, mil cuidados, sustos e sustos.
Sucederam magicamente as primeiras palavras, mãee! Pombo! Febres, resfriados, as famosas dores abdominais que dilaceram nossos sentimentos. Primeiros passos, o murito - mãozinhas ansiosas de felicidade – primeiro dia de aula, primeiros beijos na namoradinha da escola, primeiras desilusões, primeiras vitorias. Numa espiral, em todos os recantos do mundo milhares de mães repetem a mesma história. Doces, suaves, duras, ternas, exigentes, dedicadas, relapsas como sejam – portais de entrada de milhões de seres humanos que percorrem o mesmo caminham em busca da realização cada qual de seus sonhos.
Mas, este dia tem para mim um caráter muito especial. Super especial. Dedico àquelas mães que na suprema lucidez do amor esperam a chegada a qualquer momento de seus filhos desaparecidos. Daqueles jovens que na luta pela liberdade foram massacrados pelas ditaduras que assolaram nosso continente, ceifando vidas, torturando, destruindo famílias, seqüestrando crianças. Àquelas mães heroínas sofredoras de um tempo cruel de espera. A elas o nosso amor, o nosso respeito, a nossa solidariedade. Por elas, nós mães de ontem e de hoje, filhos e netos devemos priorizar a luta da busca de seus filhos desaparecidos. Só assim estaremos cumprindo nossa missão de geradoras do homem novo, aliviando o coração de quantas esperam um toque diferente em suas portas, para dar continuidade as suas vidas.