José Ibrahim- um herói do movimento operário
1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera.
Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar.
Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de oposição sindical mais à esquerda, desde as eleições de 1967.
José Ibrahim liderou e desencadeou a greve. O resultado, entretanto, foi diferente de Contagem.
Ibrahim passou a militar na clandestinidade e posteriormente outros grevistas aderiram organizações de esquerda que participaram da luta armada contra a ditadura militar.
“Fazendo um balanço autocrítico posterior do movimento, disse José Ibrahim, o principal líder da greve argumentou: partíamos da análise, de que “o Governo estava em crise, ele não tinha saída, o problema era aguçar o conflito, transformar a crise política em crise militar. Dai vinha nossa concepção insurrecional de greve. O objetivo era levar a massa, através de uma radicalização crescente, a um conflito com as forças de repressão. Foi essa concepção que nos guiou quando, em julho de 1968, decidimos desencadear a greve”
“Antecipando-se à greve geral que se indicava para outubro de 1968, época do dissídio coletivo dos metalúrgicos, a direção sindical de Osasco visualizava a possibilidade de estendê-la para outras regiões do país. Iniciada no dia 16 de julho, com a ocupação operária da Cobrasma, a greve atingiu as empresas Barreto Keller, Braseixos, Granada, Lonaflex e Brown Boveri. No dia seguinte o Ministério do Trabalho declarou a ilegalidade da greve e determinou a intervenção no Sindicato e as forças militares passaram a controlar todas as saídas da cidade de Osasco, além do cerco e a invasão das fabricas paralisadas”
“Mas em Osasco a repressão foi bem mais violenta do que em Contagem. Os militares estavam mais preparados para a situação”, afirma Buonicore. Na tarde do dia 16, representantes do Ministério do Trabalho intervieram na Cobrasma e naquela noite os operários foram expulsos da fábrica pela Força Pública, seguindo ordem do governador Abreu Sodré. Cerca de 60 trabalhadores foram presos e levados para o Departamento de Ordem Política e Social, o temido Dops, na capital paulista, onde a tortura dos presos fazia parte da rotina. Além disso, a sede do sindicato foi tomada pelos militares, as outras indústrias onde os operários haviam aderido à greve foram cercadas pelos soldados e as entradas e saídas de Osasco foram bloqueadas”.
Preparada para o confronto, a ditadura militar reprimiu duramente a paralisação, uma vez que estava decidida a não fazer mais nenhuma concessão. O movimento grevista foi duramente reprimido e os dirigentes sindicais mais combativos exilaram-se do país.
A diretoria do sindicato foi cassada. Acordos impediram a demissão da maioria dos trabalhadores que participaram da mobilização. Alguns dirigentes sindicais que não foram presos tiveram de recorrer ao exílio ou à clandestinidade. Ibrahim foi demitido sem direitos, passou a viver como clandestino e entrou para a luta armada, na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Preso pouco tempo depois, torturado, foi mais tarde um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick em setembro de 1969. Banido viveu dez anos no exílio. Fundador do PT em 1980, rompeu com o partido em 1986 e se filiou ao PV.
Hoje, minha homenagem ao José Ibrahim se estende a todos os operários do mundo que com sua garra, coerência, vão mudando os caminhos da nossa história.
1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera.
Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar.
Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de oposição sindical mais à esquerda, desde as eleições de 1967.
José Ibrahim liderou e desencadeou a greve. O resultado, entretanto, foi diferente de Contagem.
Ibrahim passou a militar na clandestinidade e posteriormente outros grevistas aderiram organizações de esquerda que participaram da luta armada contra a ditadura militar.
“Fazendo um balanço autocrítico posterior do movimento, disse José Ibrahim, o principal líder da greve argumentou: partíamos da análise, de que “o Governo estava em crise, ele não tinha saída, o problema era aguçar o conflito, transformar a crise política em crise militar. Dai vinha nossa concepção insurrecional de greve. O objetivo era levar a massa, através de uma radicalização crescente, a um conflito com as forças de repressão. Foi essa concepção que nos guiou quando, em julho de 1968, decidimos desencadear a greve”
“Antecipando-se à greve geral que se indicava para outubro de 1968, época do dissídio coletivo dos metalúrgicos, a direção sindical de Osasco visualizava a possibilidade de estendê-la para outras regiões do país. Iniciada no dia 16 de julho, com a ocupação operária da Cobrasma, a greve atingiu as empresas Barreto Keller, Braseixos, Granada, Lonaflex e Brown Boveri. No dia seguinte o Ministério do Trabalho declarou a ilegalidade da greve e determinou a intervenção no Sindicato e as forças militares passaram a controlar todas as saídas da cidade de Osasco, além do cerco e a invasão das fabricas paralisadas”
“Mas em Osasco a repressão foi bem mais violenta do que em Contagem. Os militares estavam mais preparados para a situação”, afirma Buonicore. Na tarde do dia 16, representantes do Ministério do Trabalho intervieram na Cobrasma e naquela noite os operários foram expulsos da fábrica pela Força Pública, seguindo ordem do governador Abreu Sodré. Cerca de 60 trabalhadores foram presos e levados para o Departamento de Ordem Política e Social, o temido Dops, na capital paulista, onde a tortura dos presos fazia parte da rotina. Além disso, a sede do sindicato foi tomada pelos militares, as outras indústrias onde os operários haviam aderido à greve foram cercadas pelos soldados e as entradas e saídas de Osasco foram bloqueadas”.
Preparada para o confronto, a ditadura militar reprimiu duramente a paralisação, uma vez que estava decidida a não fazer mais nenhuma concessão. O movimento grevista foi duramente reprimido e os dirigentes sindicais mais combativos exilaram-se do país.
A diretoria do sindicato foi cassada. Acordos impediram a demissão da maioria dos trabalhadores que participaram da mobilização. Alguns dirigentes sindicais que não foram presos tiveram de recorrer ao exílio ou à clandestinidade. Ibrahim foi demitido sem direitos, passou a viver como clandestino e entrou para a luta armada, na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Preso pouco tempo depois, torturado, foi mais tarde um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick em setembro de 1969. Banido viveu dez anos no exílio. Fundador do PT em 1980, rompeu com o partido em 1986 e se filiou ao PV.
Hoje, minha homenagem ao José Ibrahim se estende a todos os operários do mundo que com sua garra, coerência, vão mudando os caminhos da nossa história.