Pular para o conteúdo principal

Tira o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor..


Distraída, consultando a agenda na busca da atração para o próximo “Seis e Meia” não ouvi os passos que se acercavam.
- Ai que susto! – um toque suave, banhado de luz roçou meus cabelos
-Oi menina sou eu – respondeu Nelson Cavaquinho
Nelson, quantos anos! Num só abraço vivemos décadas. Naquele beijo um mar de ternura. Nos olhávamos e voltamos aos beijos e abraços.
Alucinação pura. Nelson o maior dos compositores do Brasil, o dos amores perdidos, violados, das folhas mortas, das rondas noturnas à cavalo quando era da Policia Militar, das noitadas nos botecos, da branquinha gostosa como ela só, do amor pela vida, dos medos, da eterna angustia. Nelson é a cara do meu Pais. Sofre, ri, ama, passa fome,vende letras de suas canções ou para compra o cigarro ou quem sabe para pagar o trem de volta ao lar. Homem forte, todo poesia, todo saudade, todo esperança, todo paixão. Nas andanças noturnas conheceu a Mangueira – a Estação Primeira – se entregou.
Quanta alegria – cantaria Zé Kéti diante de tanta alegria. Mas, como você me encontrou ? Todos músicos ai fora falam da moça do Seis e Meia, que seqüestrou um avião, com duas criancinhas e foi para longe dos milicos que queriam a sua pele.
Ë minha afilhada, gente. Minha afilhada.
Ontem você veio pela passarela idealizada por Darcy Ribeiro, feita realidade por Oscar Niemeyer, todos de velhas e incontáveis boemias. Todos gênios de ação e pensamento. Senti uma saudade enorme de você. Saudade de buscá-lo em plena madrugada, saudade da canção feito para o filho que um dia eu ia ter, mas que como tantas outras perdeu-se nas mãos ou voou com o vento que vinha do mar.
Todos que te amam estavam presentes. Beth carvalho, a sambista maior, aquela garota que você regalou seu cavaquinho. Lembra? Sergio Cabral, amigão de proporção imensa. O povo todo que cantou suas saudades, suas dores de amores. E, eu. Sua pequena mocinha de Laranjeiras esperando no altar, nervosa aflita porque igreja não espera padrinho. Mas, na hora H entrou garboso, pontual, feliz cantarolando baixinho.
Na passarela, a mangueira desfilou majestosa. Pode que ganhe o carnaval. Estava linda. Aliás a mangueira sempre passa linda. Ana Buarque de Hollanda, nossa ministra dançou sem parar.E, o Prefeito é Portela, mas não fica parado se ouve a bateria da estação primeira.
Já amanheceu faz tempo, ainda é carnaval.
.. Mangueira é celeiro
De bambas como eu
Portela também teve
O Paulo que morreu
Mas o sambista vive eternamente
No coração da gente........

Posts Mais Lidos

1996 - Direitos Humanos violados no Brasil e no Mundo

Ao longo das últimas décadas, o Brasil assinou uma série de convenções, tratados e declarações que visam a garantir os direitos humanos fundamentais em nosso país. Apesar disso, diariamente, pessoas sofrem por terem seus direitos violados. São humilhadas, maltratadas e, muitas vezes, assassinadas impunemente. Tais fatos repercutem mundialmente, despertando o interesse de diversas organizações não-governamentais, que se preocupam em garantir os direitos acima mencionados, como a Human Rights Watch, que, anualmente, publica uma reportagem sobre a situação dos direitos humanos em diversos países do mundo, e cujos relatos sobre o Brasil, nos anos de 1996 e 1997, serviram de base para o relato exposto a seguir. Relatório em 1996: O ano de 1996, no Brasil, foi marcado por massacres, violência rural e urbana, más condições penitenciárias e impunidade gritante. No dia 19 de abril, em Eldorado dos Carajás, Pará, a Polícia Militar, com ordem para evitar que cerca de duas mil famílias ocupassem

José Ibrahim- um herói do movimento operário

José Ibrahim- um herói do movimento operário 1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera. Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar. Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de

Inez Etienne - única sobrevivente da casa da morte em Petrópolis

Única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura do regime militar em Petrópolis. Responsável depois pela localização da casa e do médico-torturador Amílcar Lobo. Autora do único registro sobre o paradeiro de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, que comandou Dilma Rousseff nos tempos da VAR-Palmares. Última presa política a ser libertada no Brasil. Aos 69 anos, Inês Etienne Romeu tem muita história para contar. Mas ainda não pode. Vítima há oito anos de um misterioso acidente doméstico, que a deixou com graves limitações neurológicas, ela luta para recuperar a fala. Cinco meses depois de uma cirurgia com Paulo Niemeyer, a voz saiu firme: DIREITOS HUMANOS: Ministra acredita na aprovação da Comissão da Verdade no primeiro semestre deste ano - Vou tomar banho e esperar a doutora Virgínia. Era a primeira frase completa depois de tanto tempo. Foi dita na manhã de quarta-feira, em Niterói, no apartamento onde Inês trava a mais recente batalha de sua vida. Doutora Virgínia é a fis