Em nome do Estado, em franco processo democrático, o jovem Presidente da Comissão de Anistia – Paulo Abrão – com o respaldo de seus Conselheiros,que resistem as pressões de segmentos da sociedades não comprometidos com o desenvolvimento histórico do Brasil, levanta-se, manifesta sua indignação e vergonha diante dos depoimentos cheios de emoção, da dor dos perseguidos, torturados, desparecidos, assassinados, sobreviventes, pede humildemente desculpas pelos abusos praticados pelos regimes de exceção no Brasil.
A cada sessão de julgamento o ritual se repete, num misto de perplexidade, violência, espanto e agonia aqueles que voluntariamente lêem processos, analisam fatos, mergulham nas almas, nas angustias, nos sofrimentos de milhares de brasileiros, que um dia ousaram vencer as barreiras do silencio, do medo, da opressão para defender o solo pátrio contra interesses espúrios.
É no instante, que antecede a palavra de Paulo Abrão, que passa como um filme fora de rotação, super acelerado, em um nano segundo toda uma vida ceifada, todos os sonhos perdidos, tudo o que não pode ser. É neste instante de intensa aflição que passado e presente se entrelaçam expondo a importância do gesto de entrega destas gerações que de uma maneira ou outra fizeram possível o Brasil de hoje.
Na ternura do gesto, no levantar pausado quase em câmera lenta, para não ferir o momento que separava o pedido de desculpas, do agradecimento a Betinho – sua voz percorreu os prados, invadiu as florestas, buscou os que ficaram no Araguaia, penetrou nas úmidas cárceres, buscando a palavra certa que amenizasse tanta barbárie praticada por brasileiros contra brasileiros.
Tudo o que senti naquele momento não cabe palavras para expressar todo um sentimento de respeito, de admiração e afeto aos que dia a dia resgatam a memória recente da minha pátria. Em cada um deles vi refletida a minha imagem e a dos meus jovens companheiros. A mesma força, a mesma garra, o mesmo romantismo revolucionário, a mesma entrega.
Obrigado por este momento fecundo.
Marilia Guimaraes
* Este artigo foi escrito no dia da Reparacao do Betinho. Nao publiquei para que a para que nao fosse mal intrepretada.
A cada sessão de julgamento o ritual se repete, num misto de perplexidade, violência, espanto e agonia aqueles que voluntariamente lêem processos, analisam fatos, mergulham nas almas, nas angustias, nos sofrimentos de milhares de brasileiros, que um dia ousaram vencer as barreiras do silencio, do medo, da opressão para defender o solo pátrio contra interesses espúrios.
É no instante, que antecede a palavra de Paulo Abrão, que passa como um filme fora de rotação, super acelerado, em um nano segundo toda uma vida ceifada, todos os sonhos perdidos, tudo o que não pode ser. É neste instante de intensa aflição que passado e presente se entrelaçam expondo a importância do gesto de entrega destas gerações que de uma maneira ou outra fizeram possível o Brasil de hoje.
Na ternura do gesto, no levantar pausado quase em câmera lenta, para não ferir o momento que separava o pedido de desculpas, do agradecimento a Betinho – sua voz percorreu os prados, invadiu as florestas, buscou os que ficaram no Araguaia, penetrou nas úmidas cárceres, buscando a palavra certa que amenizasse tanta barbárie praticada por brasileiros contra brasileiros.
Tudo o que senti naquele momento não cabe palavras para expressar todo um sentimento de respeito, de admiração e afeto aos que dia a dia resgatam a memória recente da minha pátria. Em cada um deles vi refletida a minha imagem e a dos meus jovens companheiros. A mesma força, a mesma garra, o mesmo romantismo revolucionário, a mesma entrega.
Obrigado por este momento fecundo.
Marilia Guimaraes
* Este artigo foi escrito no dia da Reparacao do Betinho. Nao publiquei para que a para que nao fosse mal intrepretada.