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2010 - 14/05 - MULHERES QUE OUSARAM LUTAR

Luta - Substantivo Feminino nos jogou dentro dos porões das ditadura militar , onde podíamos ouvir nitidamente o pulsar de cada coração amarrado em paus de arara, o sangue percorrendo a fiação elétrica que rasgava as entranhas de jovens militantes dispostas a doar a vida pela liberdade de um povo sofrido, miserável, carcomido por anos de exploração, doente de falta de amor e de vida. Viajamos no passado na mirada forte e desconfiada de Dulce Maia, magra, desnutrida, determinada. Quantas semanas, meses foram necessárias para que aquele sorriso voltasse a invadir nossas vidas. Semanas de dor trancada na escuridão do quarto, muitas vezes na Calle 3ª A onde Marina Lamarca se desdobrava em carinho para aliviar as seqüelas deixadas pela OBAN por torturadores inumanos. E, Inês Etienne a companheira integral nos longos e difíceis dias de clandestinidade com Marcello e Eduardo nos braços, mamadeiras e fraldas na sacola em busca de um lugar onde esconder-nos do exército. Muitas vezes, um sanduiche divido por 3 era a comida de muitos e intermináveis dias de fuga. Que sofrido foi sabê-la detida. Quantas noites, já no exílio despertava sobressaltada ouvindo sua voz resistindo toda classe de abuso, de violação com cheiro de morte. Inês sobreviveu a tudo com dignidade, audácia, extrema coragem ao denunciar que o Cabo Anselmo era o traidor que entregava aos generais,nossos jovens companheiros, movidos pelo amor revolucionária conduzindo-os a morte. Damaris Lucena, a guerreira de tantas décadas aprendendo, após meses de tortura e sofrimento o significado e a aplicação da categoria gramatical – substantivo. Damaris entre a saudade da pátria, o medo das conseqüências do filho preso, ia terminar seus estudos. Quantas mulheres foram tão audazes em toda sua trajetória de vida? No salão da UERJ, onde novos estudantes conscientes uns, perdidos outros, desfilou um passado que urge ser resgatado, revisto, aclarado. Queremos a garantia de ter direito ao direito outorgado pela constituição. Queremos interpretar esta memória, passá-la as novas gerações, para garantir aos nossos herdeiros de historia e de vida, que regimes de exceção e tortura não se repitam no Brasil. Marília Guimarães

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Ao longo das últimas décadas, o Brasil assinou uma série de convenções, tratados e declarações que visam a garantir os direitos humanos fundamentais em nosso país. Apesar disso, diariamente, pessoas sofrem por terem seus direitos violados. São humilhadas, maltratadas e, muitas vezes, assassinadas impunemente. Tais fatos repercutem mundialmente, despertando o interesse de diversas organizações não-governamentais, que se preocupam em garantir os direitos acima mencionados, como a Human Rights Watch, que, anualmente, publica uma reportagem sobre a situação dos direitos humanos em diversos países do mundo, e cujos relatos sobre o Brasil, nos anos de 1996 e 1997, serviram de base para o relato exposto a seguir. Relatório em 1996: O ano de 1996, no Brasil, foi marcado por massacres, violência rural e urbana, más condições penitenciárias e impunidade gritante. No dia 19 de abril, em Eldorado dos Carajás, Pará, a Polícia Militar, com ordem para evitar que cerca de duas mil famílias ocupassem

José Ibrahim- um herói do movimento operário

José Ibrahim- um herói do movimento operário 1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera. Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar. Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de

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Única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura do regime militar em Petrópolis. Responsável depois pela localização da casa e do médico-torturador Amílcar Lobo. Autora do único registro sobre o paradeiro de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, que comandou Dilma Rousseff nos tempos da VAR-Palmares. Última presa política a ser libertada no Brasil. Aos 69 anos, Inês Etienne Romeu tem muita história para contar. Mas ainda não pode. Vítima há oito anos de um misterioso acidente doméstico, que a deixou com graves limitações neurológicas, ela luta para recuperar a fala. Cinco meses depois de uma cirurgia com Paulo Niemeyer, a voz saiu firme: DIREITOS HUMANOS: Ministra acredita na aprovação da Comissão da Verdade no primeiro semestre deste ano - Vou tomar banho e esperar a doutora Virgínia. Era a primeira frase completa depois de tanto tempo. Foi dita na manhã de quarta-feira, em Niterói, no apartamento onde Inês trava a mais recente batalha de sua vida. Doutora Virgínia é a fis