2005 - Artistas e poetas, escriotres brasilerios participam do 4o. Congresso de Cultura e Desenvolvimento em Havana
CINEASTAS, artistas, escritores e promotores culturais do Rio de Janeiro participarão do 4º Congresso Cultura e Desenvolvimento, a se efetuar em Havana, de 6 a 9 de junho próximo.
A escritora, promotora e fiel amiga de Cuba, Marília Guimarães, cujo primeiro livro En esta tierra en este instante (título extraído dum verso da canção Pequeña serenata diurna, de Silvio Rodríguez), relata sua saída do Brasil nos anos da ditadura e sua chegada e estada na Ilha, informa em entrevista exclusiva para o Granma Internacional da composição do grupo brasileiro.
Para os fãs das telenovelas, um dos maiores produtos de exportação do Brasil, eis um avanço: viajarão a Cuba as atrizes principais da telenovela que agora está sendo exibida pela tevê cubana, Esplendor, Letícia Spiller (Flávia), Cássia Kiss (Adelaida, além da «assassina» de Odette Roitman na magnífica Vale Tudo), Denise Fraga e Claudia Alencar, que serão acompanhadas de Marco Ricca (conhecido pela atuação na telenovela Aquarela do Brasil) .
Como vão os preparativos no Rio para o próximo Congresso Cultura e Desenvolvimento?
«Decidimos, em lugar de trazer só artistas, que são a alegria da nossa vida, incluir também os trabalhos que faz a secretaria da Cultura do Rio, meu estado. Solicitámos ajuda da governadora Rosinha Garotinho, a qual nos deu apoio total, não só moral, mas também financeiro. A governadora e Antony Garotinho, ex-governador e atual secretário do Estado e Coordenação nos têm apoiado muito e além disso estão muito interessados em acordos com Cuba, por exemplo, na área dos esportes, visando os Jogos Pan-Americanos de 2007. Vamos apresentar trabalhos da rádio comunitária, que hoje em dia é uma ponte que temos para enfrentar as informações das multinacionais; de cinemas populares, que já tem 22 salas e agora a governadora está investindo em salas pequenas, muito modernas e com preços mínimos, un real. Também viajarão animadores culturais, os que trabalham com os que fazem música rap, um movimento muito forte nas favelas.
«Temos artistas convidados para ministrarem uma mesa-redonda sobre cinema, televisão, telenovelas, teatro e direção. Também vêm Sílvio Tendler, documentarista (Marighela, Glauber Rocha) e as atrizes Letícia Spiller, protagonista da telenovela Esplendor, uma poetisa muito boa, com ternura incrível, muito sensível e muito revolucionária; Cássia Kiss, Cláudia Alencar, Denise Fraga e Marco Ricca.
«No Congresso também participará o presidente da Fundação dos Índios, Nércio Gomes, antropologista famoso.
«Outra participante será Celia Ravero, que está fazendo no Rio um trabalho nos quilombos, porque no Brasil ainda existem os quilombos como no século 19. Agora, receberam a terra porque até então não tinham a propriedade.
Também, a irmã de Chico Buarque, um amigo sincero de Cuba, Ana Buarque de Holanda, diretora da Escola Nacional de Música.
Qual o motivo de sua viagem a Havana neste ano?
«Fui convidada para participar do Fórum em Defesa da Humanidade, do Encontro contra a Alca e do 1º de maio. Posso dizer-lhe que poder participar deste festejo foi uma emoção incrível. Em 1976, eu estava em Cuba e marquei presença na Praça da Revolução quando chegaram os corpos das vítimas de Barbados e a Praça toda estava em silêncio, foi um momento difícil, de muita tristeza para os cubanos e também para os revolucionários latino-americanos e do mundo todo.
«Acontece que este ano estou no mesmo lugar. Fidel fala de Posada Carriles, esse assassino e termina o discurso com a mesma frase de 30 anos antes (‘Quando um povo enérgico e viril chora, a injustiça treme’). Naquele então, muitas pessoas perguntavam se, por acaso, a Revolução cubana resistirá? E após 30 anos, a gente olha a Praça lotada de pessoas com o mesmo entusiasmo, com a mesma força.
Qual a sua opinião do Fórum de Havana?
«O Fórum em Defesa da Humanidade é muito interessante. A primeira reunião foi na Espanha e no México, onde se convocou o Tribunal Benito Juárez, que tem a tarefa de examinar e denunciar, não de julgar, as agressões contra Cuba. Esses tribunais vão-se estender pelo mundo todo, pois não tínhamos um veículo para denunciar. Agora podemos fazê-lo através desses tribunais e do Comitê de Defesa da Humanidade, que já existe na Espanha e no México e agora vamos cria-lo no Brasil. A próxima reunião será no Mar del Plata, Argentina. Os mais de mil participantes em Havana, ficamos muito dispostos, porque o resultado final foi positivo, mais para nós do que para Cuba. Cuba sempre nos deu a oportunidade de poder fazer alguma coisa pelos outros povos, porque o Comitê em Defesa da Humanidade não é só para Cuba, mas também para todos os países agredidos, invadidos, explorados, sobretudo pelos Estados Unidos».
Por acaso a escritora tem alguma novidade?
«Gosto muito da informática (tem uma empresa com a família), e dedico muito tempo à solidariedade a Cuba, mas aos sábados e domingos sempre tento escrever. Vou publicar outro livro em dezembro. Eu penso que vai ser muito bonito, pois os dez anos que eu vivi cá foram tão bonitos que o livro não pode ficar feio. É um testemunho. Um relato do que aconteceu com a Revolução cubana nesses dez anos (1970-79), as questões principais. Minha vida e a dos meninos, as coisas que consegui fazer. O livro intitula-se Entre sinsontes y el sabiá ( a ave nacional brasileira) e tem como subtítulo Dez anos de presidio. Já esta sendo traduzido ao espanhol e espero lançá-lo na Feira do Livro de Havana, em fevereiro de 2006. Já comecei escrever o terceiro, acerca do retorno ao Brasil, que foi muito difícil. A reconstrução das nossas vidas. Enquanto tiver forças continuarei escrevendo, tenho muitos temas».