Pular para o conteúdo principal

1967 - Eternamente Comandante Che Guevara.


Na Bolívia, Gary Prado assassinava Ernesto Che Guevara, o Revolucionário ímpar, aquele que viria a ser o grande exemplo para as gerações vindouras.

Eternamente Comandante Che Guevara.

Ita não veio trabalhar, impossível sair e deixar Marcello. A noite mal dormida, o dia chuvoso, aquela angústia queimando o peito. Que fazer? Passaria o dia entre avaliações da escola, brincaria com Marcello, leria alguns poemas que podiam diminuir aquele mal estar sem sentido aparente.

Após o almoço, liguei a televisão. Quem sabe um filme. Edu inquieto mexendo e remexem do na barriga já num adiantado sete meses quase prontinho para chegar. Marcello insistia em revolver os livros da estante, sua diversão predileta sempre que a porta da biblioteca se encontrava aberta.

De repente, um furacão invadiu à sala: Ernesto Guevara - Che, o guerrilheiro argentino foi capturado cerca de Higueras. – na Bolívia. Outra noticia sobre a prisão do rebelde em poucos minutos. - informou o repórter.

Inverossímil. Puras especulações. Nada disso poderia ser verdade. Nada. Absolutamente. Era mentira. Comecei a chorar.

Estampada na tela TV cabeça tombada para trás, olhos entreabertos como olhando a vida El Che. Assassinaram o Che, Marcello. Assassinaram nosso guerrilheiro heróico abraçada a meu filho chorava desesperadamente. Che representava a esperança viva de liberdade do mundo. Che representava a ternura, a força, o ideal revolucionário. O nosso Comandante Guevara.

Nem Fausto. Nem Moacir. Nem Juarez. Somente Marcello com seus 7 meses, e Edu revolvendo no meu ventre. Caminhava de lá para cá alucinada. Desesperadamente perdida. O sofrimento era maior do que razão de não traumatizar duas crianças. Poucos dias, conheci de tamanha tristeza, revolta e impotência, somente comparado ao atentado a avião da Cubana de Aviação, em Barbados.

Hoje 48 anos depois. Chove. Comento com Marcello a caminho de casa a dor daquele dia aparentemente tão longínquo. Choro. A chuva nos traz a sensação de solidão.

Mas, logo concluo de que ela é vida, floresce os campos, germina. Chove. São as lágrimas da natureza reafirmando a saudade e emudecendo a terra alimentando-a para novas colheitas. Ernesto Che Guevara não morreu. Floresceu nos campos da América Latina, cruzou fronteiras, ganhou espaço no coração de milhares de gerações que seguem seu exemplo e ostentam orgulhosos sua imagem de ternura intensa.

O mundo querido comandante ainda sofre de fome, milhares de crianças vagam pelas ruas das cidades sem rumo, o imperialismo nestes últimos quarenta anos matou, inoculou doenças, fortaleceu ditaduras, invadiu países, destruiu patrimônios da história da humanidade. Cuba, amado guerrilheiro ainda resiste ao bloqueio. Sua imagem brilha na “Plaza de la Revolución” como símbolo de luta coerente. Santa Clara, terra de una de suas maiores batalhas lhe guarda. Historiadores inescrupulosos denigrem seu nome comprometidos com o poder central. Chamam-lhe aventureiro. Historiadores conscientes entenderam sua opção de vida, deram seu merecido lugar na história.

Muitos lhe cantaram em versos e prosa e ainda cantam. Seu nome é ostentado em praças, em ruas e avenidas. Uma quantidade inumerável de Ernestos surgiu mundo afora em sua homenagem. Seus filhos seguem seu exemplo. Hildita se foi talvez para fazer-lhe companhia. Fidel, o seu exemplo e amigo maior continua firme combatendo o bloqueio, superando todas as vicissitudes que lhe reservou a vida. Os Comandantes Raul Castro, Ramiro Valdez, Juan Almeida e Guillermo Garcia contam histórias de sua coragem e bravura cheios de saudade.

Che vive em nossas memórias,na nossa luta cotidiana por um mundo melhor para todos.

Em 15 de dezembro, nasce meu segundo filho já no clamor das primeiras ações revolucionárias, em meio às primeiras perdas de companheiros assassinados pela ditadura, mas embalado pela força de derrotarmos a ditadura e iniciar um Brasil novo livre da miséria, das injustiças sociais e soberano.

Gabriel Garcia Marquez - nos apresenta Macondo numa magistral obra literária - Cem anos de solidão.

Posts Mais Lidos

1996 - Direitos Humanos violados no Brasil e no Mundo

Ao longo das últimas décadas, o Brasil assinou uma série de convenções, tratados e declarações que visam a garantir os direitos humanos fundamentais em nosso país. Apesar disso, diariamente, pessoas sofrem por terem seus direitos violados. São humilhadas, maltratadas e, muitas vezes, assassinadas impunemente. Tais fatos repercutem mundialmente, despertando o interesse de diversas organizações não-governamentais, que se preocupam em garantir os direitos acima mencionados, como a Human Rights Watch, que, anualmente, publica uma reportagem sobre a situação dos direitos humanos em diversos países do mundo, e cujos relatos sobre o Brasil, nos anos de 1996 e 1997, serviram de base para o relato exposto a seguir. Relatório em 1996: O ano de 1996, no Brasil, foi marcado por massacres, violência rural e urbana, más condições penitenciárias e impunidade gritante. No dia 19 de abril, em Eldorado dos Carajás, Pará, a Polícia Militar, com ordem para evitar que cerca de duas mil famílias ocupassem

José Ibrahim- um herói do movimento operário

José Ibrahim- um herói do movimento operário 1968 marcou o século XX como o das revoltas - estudantis operárias, feministas, dos negros, ambientalistas, homossexuais. Todos os protestos sociais e mobilização política que agitaram o mundo como a dos estudantes na França, a Primavera de Praga, o massacre dos estudantes na México, a guerra no Vietnã se completam com as movimentos operários e estudantil no nosso pais. Vivíamos os anos de chumbo, o Brasil também precisava de sua primavera. Em Contagem, região industrial da grande Belo Horizonte, Minas Gerais, abriu caminho as grandes greves metalúrgicas coroada pela de 1968 em Osasco - região industrial de São Paulo onde brasileiros de fibra e consciência, miscigenam suas origens e raízes abalizadas pela particularidade brasileira, em plena luta contra a ditadura militar. Jose Ibrahim, 21 anos, eleito para a direção Sindical, jovem, líder por excelência, simplesmente parou todas as fábricas de Osasco, na época pólo central dos movimentos de

Inez Etienne - única sobrevivente da casa da morte em Petrópolis

Única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura do regime militar em Petrópolis. Responsável depois pela localização da casa e do médico-torturador Amílcar Lobo. Autora do único registro sobre o paradeiro de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, que comandou Dilma Rousseff nos tempos da VAR-Palmares. Última presa política a ser libertada no Brasil. Aos 69 anos, Inês Etienne Romeu tem muita história para contar. Mas ainda não pode. Vítima há oito anos de um misterioso acidente doméstico, que a deixou com graves limitações neurológicas, ela luta para recuperar a fala. Cinco meses depois de uma cirurgia com Paulo Niemeyer, a voz saiu firme: DIREITOS HUMANOS: Ministra acredita na aprovação da Comissão da Verdade no primeiro semestre deste ano - Vou tomar banho e esperar a doutora Virgínia. Era a primeira frase completa depois de tanto tempo. Foi dita na manhã de quarta-feira, em Niterói, no apartamento onde Inês trava a mais recente batalha de sua vida. Doutora Virgínia é a fis